Museu de Artes e Ofícios inaugurado

As ferramentas e os utensílios usados pelos antigos artífices de Alcains, já têm lugar para estar, no Museu de Artes e Ofícios, inaugurado na sexta-feira passada, pelos presidentes da Câmara de Castelo Branco e Junta de Freguesia de Alcains. O novo espaço museológico ocupa as antigas instalações do Museu do Canteiro, no Largo do Rossio, que foi também sede da associação dos canteiros.

Agricultor, sapateiro, ferreiro, alfaiate e carpinteiro, são algumas das dez profissões representadas no museu, onde o público pode ver de perto as ferramentas e objectos utilizados em cada uma delas. O percurso no interior é acompanhado de painéis interpretativos que explicam e enquadram a importância de cada actividade na economia local. O museu tem ainda instrumentos musicais da extinta Filarmónica de Alcains e peças de mobiliário antigo.

Para a Associação Recreativa e Cultural de Alcains (ARCA), a reabertura do museu é a concretização de uma aspiração antiga. As peças foram todas doadas pela população local, estiveram durante anos no Solar Ulisses Pardal e dali foram transferidas, quando se iniciaram as obras de recuperação do imóvel, ficando longe do olhar do público.

As peças estão agora recuperadas e expostas num espaço dedicado à memória de Joaquim Manuel Rafael, que iniciou este projecto em 1995 com um grupo de amigos. “Joaquim Rafael viveu intensamente tudo isto. É o patrono do museu a quem é dedicada esta casa”, adiantou Florentino Beirão. O projecto iniciou-se quando “começaram a fechar as oficinas em Alcains”, referiu, durante a inauguração. Florentino Beirão teve a seu cargo a coordenação científica da instalação do museu. “Não há aqui nada mais do que a generosidade de um povo que compreendeu a nossa iniciativa”, salientou, referindo-se à doação de peças pelo povo.

“Alcains foi sempre uma terra de artes e ofícios, de gente com capacidade e empreendedora. Temos aqui um espólio que merecia ser salvo”, referiu o presidente da Câmara Municipal, Joaquim Morão. Nos últimos anos a Câmara tem desenvolvido um conjunto de iniciativas para “salvaguardar a memória de um povo” e “captar novos públicos para estas terras”, salientou o autarca. Manuel Marujo lembrou que o espaço onde agora está o museu foi local de encontro e reunião dos antigos canteiros, e também de animação e bailes, do qual os alcainenses têm boas recordações. E referiu-se a Joaquim Morão como “o nosso maior aliado, um verdadeiro amigo do povo e de Alcains, para sempre”. A abertura do novo espaço contou ainda com o apoio de inúmeros voluntários, como o carpinteiro Moisés Rafael, com mais de 80 anos de idade. Por definir está ainda o dia e horário de abertura do museu ao público.