Enviei em Maio o seguinte texto para a secção "Cartas dos Leitores" da Reconquista. Nele defendo a criação de uma paragem dos autocarros Expressos em Alcains. Esta já existiu no passado, o tempo de sair da A23, entrar na vila e voltar à A23 seria pequeno e creio que seria importante para Alcains.
Venho por este meio advogar a inclusão de Alcains na lista de paragens das linhas Expresso Guarda-Lisboa e Castelo Branco-Braga organizadas pela empresa Joalto em conjunto com a Rodoviária da Beira Interior. Vários pedidos e abaixo-assinados foram feitos no passado para que tal acontecesse mas os Alcainenses continuam a ser ignorados neste assunto (assim como em muitos outros).
Focando-me no percurso entre a Beira Interior e a capital, vemos que os Alcainenses são continuamente forçados a deslocarem-se a Castelo Branco para irem à capital e na volta têm muitas vezes de assegurar o transporte de volta à vila, quer em veículo próprio quer pedindo boleia a familiares, amigos ou simples conterrâneos que se oferecerem para os transportar também. Para mostrar como a questão é relevante, tenho por hábito regressar ao nosso Distrito nas Sextas-feiras e a qualquer hora que vá encontro nos autocarros cerca de 7 ou 8 conterrâneos meus que fazem este percurso semanalmente como eu. Quando chegamos a Castelo Branco é comum estarem os familiares à espera ou por vezes oferece-se boleia a um conhecido que não tenha transporte assegurado. Se compararmos esta situação com a paragem do mesmo autocarro no Fratel, onde nunca vi saírem mais de 2 pessoas ao mesmo tempo (sendo habitual ir-se lá para o “boneco”) pergunto-me como é que Alcains não é contemplada por este serviço. Afinal, tendo Alcains mais de 5000 habitantes e dispondo de fácil acesso à A23 é incompreensível que esta não seja servida por uma paragem dos Expressos da nossa região. Localidades bem mais pequenas na Beira Interior como Tortosendo (4500 pessoas) , Ginjal (serve a vila de Belmonte, que tem apenas 3200 pessoas) ou o já citado Fratel (o concelho inteiro de Vila Velha de Rodão tem apenas 3800 pessoas e Vila Velha já é servida por outra rota vinda de Lisboa) são servidas pelos expressos Guarda-Lisboa (sendo o Tortosendo também servido na linha Castelo Branco-Braga) e as paragens são tão ou mais demoradas do que seriam em Alcains.
Sei que muitos responderão com a habitual conversa de Alcains “ser muito perto de Castelo Branco”, mas este argumento é falacioso, pois se não se tem carro nem acesso a transportes públicos só se pode ir a pé e essa opção só é válida para quem reside no perímetro urbano de onde partem os autocarros. Deste modo é praticamente impossível para um Alcainense que não disponha de carro fazer ida e volta a Lisboa no próprio dia. Senão vejamos: partindo de manhã (8:45 ou 10:05 de Castelo Branco) chega-se às 11:20 ou 12:50 a Lisboa. Para regressar temos os expressos das 14:00, 16:30 e 18:45 em Sete Rios. Mas na prática só o primeiro (que chega a C. Branco as 16:30) pode ser utilizado por quem não tem automóvel ou não pode pagar táxi. Já não falando do das 18:45, vemos que o expresso das 16:30 chega a C. Branco entre as 19:00 e as 19:05, ou seja mesmo a tempo de ver partir o último autocarro para Alcains (19:00 e só aos dias de semana), o que inviabiliza este horário. Numa das vezes em que a minha mãe utilizou este transporte e chegou a C. Branco 2 minutos depois da partida do autocarro para Alcains (que é o habitual) ela procurou saber o porquê de não conciliarem os horários, ao que lhe responderam que “devia ter telefonado para cá, a gente fazia esperar o autocarro para Alcains.” Sem comentários… Outra história que já ouvi foi a de vários Alcainenses que viajavam habitualmente do Norte (Braga, Porto, etc.) ainda antes da A23 estar construída e que, passando mesmo por Alcains antes de chegar a C. Branco, tinham de pedir todas as semanas aos motoristas que os deixassem na paragem da Nacional 18 (ainda fora da vila) e, enquanto alguns motoristas o faziam por bondade, outros negavam-se com medo de serem multados ou de estarem proibidos de o fazer pelas chefias. Isto obrigava os familiares a estarem atentos ao telefone, pois nunca sabiam se os tinham de ir buscar a C. Branco ou não, o que é perfeitamente terceiro-mundista.
Proponho então uma solução que creio que é justa para os Alcainenses e que minimiza o tempo perdido pela adição de mais uma paragem. Actualmente, creio que bastaria criar em Alcains uma local de paragem simples (como o que existe no Fratel) e este devia existir na Av. 12 de Novembro. Uma primeira solução implicaria a saída do autocarro na saída da A23 de Alcains, prosseguindo até à rotunda do antigo cruzamento de S. Domingos, entrando em Alcains pela rua de S. Domingos e virando na 1ª rotunda para a Avenida 12 de Novembro, onde deixaria e apanharia os passageiros entre o restaurante Ádoque e o novo Quartel da GNR. Para regressar à auto-estrada bastaria seguir em frente até à Nacional 18, virar à direita na rotunda junto à Repsol e à esquerda na rotunda de S. Domingos. Uma segunda opção talvez ainda mais curta seria entrar por Alcains pela rotunda da Repsol, deixar os passageiros junto à zona de lazer da Líria, dar a volta na 1ª rotunda da vila e regressar pelo mesmo caminho. Quanto ao número de paragens, recomendo que seja o mesmo que existe para o Fratel e Ginjal (4 por dia nos dias de semana, 2 no Sábado e 3 no Domingo). Contas feitas, parar em Alcains não demoraria mais do que 4 minutos e traria benefícios não só aos actuais utilizadores do serviço mas também levaria a que muitos mais habitantes de Alcains (idosos, pessoas não encartadas, etc.) considerassem visitar Lisboa, Porto ou Braga do que os que o fazem actualmente, o que seria benéfico não só para melhorar as acessibilidades da população como traria benefícios financeiros às empresas que asseguram os Expressos pelo aumento de passageiros relativamente aos que existem actualmente.
Pedro Goulão
Que acham? Concordam? Seria bom para a Vila? Devemos fazer mais força neste sentido? Já agora, HD, pedia-te que colocasses o mapa que fizeste da entrada e saída do autocarro em Alcains, sff. Obrigado.